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No extremo norte do Amapá, onde a floresta amazônica se encontra com o mar, está o Parque Nacional do Cabo Orange. São mais de 650 mil hectares que reúnem campos alagados, extensos manguezais e florestas que respiram ao ritmo das marés. É um território de contrastes, onde a água molda a paisagem e sustenta uma biodiversidade única, que vai desde aves migratórias vindas de outros continentes até espécies emblemáticas da Amazônia, como o peixe-boi e a onça-pintada.

É nesse cenário que nossa equipe está agora, instalando armadilhas fotográficas em pontos estratégicos do parque. Cada câmera posicionada representa uma janela para observar os movimentos discretos da fauna local. Entre os principais objetivos, está registrar a presença da onça-pintada, um dos predadores de topo mais importantes dos ecossistemas sul-americanos. O Cabo Orange, por sua localização costeira e pelo mosaico de ambientes que abriga, oferece uma oportunidade rara de investigar como este felino se adapta e se movimenta em territórios de transição entre terra e mar.

A importância do Parque Nacional do Cabo Orange para a pesquisa

A escolha do Cabo Orange não foi por acaso. Sua localização, marcada pela transição entre ambientes marinhos e terrestres, cria condições ideais para entender como a onça-pintada se adapta a diferentes paisagens. Mais conhecida por habitar florestas densas, a espécie também circula por áreas de mangue, margens de rios e campos inundáveis — ambientes pouco estudados até agora. Nossas armadilhas fotográficas, distribuídas em pontos estratégicos, ajudarão a registrar esses movimentos e a revelar como esse grande felino se relaciona com as particularidades do litoral amazônico.

O Amapá se destaca por ter grande parte de seu território protegido por unidades de conservação e terras indígenas, mas ainda existem muitas lacunas de conhecimento sobre a biodiversidade local. Avançar nesse entendimento é fundamental não apenas para fortalecer a conservação das onças, mas também para apoiar estratégias de desenvolvimento sustentável que envolvam as comunidades da região.

Onças-pintadas e a vida no litoral amazônico

As onças-pintadas são símbolos de equilíbrio ecológico e sua presença indica que os ecossistemas estão saudáveis. No litoral do Amapá, elas convivem com uma fauna igualmente impressionante, que inclui peixe-boi amazônico, aves migratórias e espécies de peixes e crustáceos que dependem dos manguezais. Monitorar esses felinos no Cabo Orange significa compreender melhor como eles utilizam corredores naturais, como interagem com outros animais e quais os desafios que enfrentam diante de pressões humanas e mudanças ambientais.

Nosso trabalho busca unir ciência e saberes locais para construir uma visão mais completa sobre a presença das onças no território. Cada registro nas câmeras, cada informação compartilhada pelas comunidades, fortalece a compreensão de que a conservação desse felino é também a conservação do modo de vida que depende da floresta e das águas. 

Ainda temos muito trabalho pela frente no Parque Nacional do Cabo Orange e em outros territórios do Amapá. Cada etapa em campo nos aproxima de respostas importantes sobre a presença das onças-pintadas e a conservação dos ecossistemas costeiros amazônicos. Para acompanhar de perto essa jornada, com registros inéditos, curiosidades e bastidores do projeto, siga nossas redes sociais e faça parte dessa caminhada pela proteção da natureza.