Majestosa, ágil e silenciosa, a onça-pintada (Panthera onca) é um dos maiores símbolos da fauna brasileira — e também um dos animais mais enigmáticos das Américas. Sua presença é sinal de um ecossistema saudável, mas, para além do papel ecológico, ela carrega histórias, comportamentos e adaptações que surpreendem até mesmo os pesquisadores mais experientes.
Por isso, reunimos 5 curiosidades sobre esse felino incrível que talvez você não saiba. Algumas vêm de estudos reconhecidos internacionalmente e outras fazem parte do que estamos descobrindo no Projeto Onças do Amapá. Prepare-se para conhecer melhor a onça-pintada e enxergar esse predador de um jeito totalmente novo.
1. Cada onça é única
Se você observar com atenção, verá que as manchas escuras espalhadas pelo corpo da onça-pintada não são todas iguais. Chamadas de rosetas, elas formam padrões exclusivos para cada indivíduo — assim como a impressão digital nos seres humanos.
Segundo o Onçafari, esse “código de barras natural” permite identificar uma onça apenas pela análise de fotos e vídeos. Para projetos de conservação, como o nosso, essa característica é valiosa: conseguimos acompanhar a vida de cada animal sem a necessidade de capturá-lo, entendendo seus deslocamentos, hábitos e até interações sociais.
2. As onças do Amapá vivem entre a floresta e o mar
Quando pensamos em onça-pintada, logo imaginamos a floresta densa. Mas, no Amapá, a história é diferente. Segundo nossas pesquisas, esses felinos percorrem ambientes surpreendentes: manguezais, campos inundáveis, florestas de várzea e até ilhas estuarinas.
Estamos investigando também como a maré influencia a ecologia desses animais — um comportamento raro e pouco documentado entre felinos silvestres. Entender como eles exploram esses ecossistemas ajuda a criar estratégias de conservação adaptadas à realidade local.
3. O Brasil é o grande lar das onças-pintadas
De acordo com a National Geographic, o Brasil abriga a maior população de onças-pintadas das Américas e é o único país onde elas ocorrem em quase todos os biomas: da Amazônia ao Pantanal, passando pela Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica.
Essa distribuição ampla reforça a importância do território brasileiro na conservação da espécie. Ao proteger a onça, preservamos cadeias alimentares inteiras e mantemos o equilíbrio ambiental em diversos ecossistemas.
4. A menor onça-pintada do Brasil vive no Amapá
Nem todas as onças têm o porte impressionante que costumamos ver em fotos do Pantanal. Segundo capturas recentes na Estação Ecológica de Maracá-Jipioca, encontramos fêmeas que podem pesar menos de 40 kg e machos, menos de 70 kg — bem abaixo dos mais de 100 kg registrados em outras regiões (L. Silveira, pers. comm.).
Essa diferença pode estar ligada à vida insular, onde recursos e presas são distintos, e está sendo analisada geneticamente pelo nosso projeto.
5. Uma mordida imbatível no reino dos felinos
A onça-pintada não é apenas o maior felino das Américas — ela também possui a mordida mais poderosa proporcionalmente ao tamanho, segundo o Onçafari.
Sua mandíbula é tão forte que consegue perfurar a carapaça de tartarugas e ossos de grandes presas com facilidade. Essa adaptação garante vantagem na caça, permitindo que o animal se alimente de uma ampla variedade de espécies, incluindo aquelas que outros predadores não conseguem capturar.

Essas curiosidades não são apenas detalhes interessantes: cada uma delas ajuda a compreender melhor a biologia e o comportamento da onça-pintada. Quanto mais aprendemos sobre ela, mais preparados estamos para proteger seu habitat e garantir sua sobrevivência.
No Projeto Onças do Amapá, cada dado coletado é uma peça importante nesse quebra-cabeça e, ao compartilhar esse conhecimento, esperamos inspirar mais pessoas a se engajar na conservação de um dos felinos mais fascinantes do planeta.
