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O Amapá é um estado onde a natureza se expressa em múltiplas formas, compondo um verdadeiro mosaico de ecossistemas. São florestas densas, campos inundáveis, manguezais e savanas que se interconectam, formando uma das regiões mais preservadas e biologicamente ricas do Brasil.

Segundo o Relatório Técnico de Cobertura Vegetal e Áreas Protegidas do Amapá e dados complementares do IBGE, mais de 70% do território amapaense ainda está coberto por vegetação nativa, e cerca de 60% está protegido por Unidades de Conservação e Terras Indígenas. Um feito raro e motivo de orgulho para quem defende a Amazônia viva.

Mas entender o Amapá é também compreender sua complexidade ambiental. Cada tipo de ecossistema cumpre uma função vital, tanto para a manutenção da biodiversidade quanto para a sobrevivência das comunidades humanas que dele dependem. 

Florestas amazônicas: o coração verde do Amapá

A floresta ombrófila densa domina boa parte do território, com árvores que ultrapassam 40 metros de altura e abrigam uma infinidade de espécies de plantas, aves e mamíferos. É um ecossistema que regula o clima, protege o solo e mantém rios e igarapés saudáveis.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as florestas ocupam mais de dois terços do território do Amapá, cobrindo áreas que vão do interior continental até a zona costeira.

Entre suas sombras e raízes, vivem espécies emblemáticas como a onça-pintada, o macaco-aranha e o gavião-real, todos indicadores de ecossistemas equilibrados. Nas regiões de várzea, onde a floresta se inunda com as cheias dos rios, a vida se adapta ao ritmo das águas, em um ciclo natural que sustenta tanto a fauna quanto às populações ribeirinhas.

Manguezais: berçários da vida costeira

Na faixa litorânea, o Amapá abriga o maior e mais preservado conjunto de manguezais do Brasil. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), esses ecossistemas cobrem mais de 200 mil hectares e representam cerca de 10% de todos os manguezais existentes na Amazônia.

Entre as raízes aéreas e a lama rica em nutrientes, centenas de espécies encontram alimento e abrigo — de caranguejos-uçá a peixes e aves migratórias.

Os manguezais também funcionam como barreiras naturais contra a erosão e o avanço do mar, além de serem importantes aliados no combate às mudanças climáticas, já que armazenam grandes quantidades de carbono.

Para as comunidades de pescadores artesanais, esses ambientes são fonte de sustento, cultura e identidade. A Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amapá (SEMA) reconhece os manguezais como “ecossistemas-chave para a segurança alimentar e a manutenção dos modos de vida tradicionais”.

Campos inundáveis e sistemas lacustres

Os campos inundáveis do Amapá são áreas que passam boa parte do ano cobertas por água, formando paisagens de rara beleza.

Esses ambientes são fundamentais para aves aquáticas, peixes e répteis, além de servirem como zonas de alimentação para a onça-pintada e outros grandes predadores. Segundo o IBGE, o estado possui uma das maiores extensões contínuas de áreas alagáveis do país, com destaque para as regiões do Lago Piratuba e do baixo Oiapoque.

Esses ambientes funcionam como verdadeiras esponjas naturais: armazenam água durante o período chuvoso e liberam lentamente durante a seca, garantindo o abastecimento de rios e lagos e regulando o fluxo hídrico do estado.

O encontro entre o cerrado e a floresta na Savana Amazônica

Nas porções mais ao norte e ao interior, surgem formações de savana, também conhecidas como lavrados ou campinas.

Esse ecossistema, que mistura campos abertos e pequenos bosques, é um dos mais singulares do Amapá, pois reúne características do Cerrado e da Amazônia. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) descreve essas áreas como zonas de transição ecológica que sustentam espécies típicas de ambientes secos e úmidos, funcionando como corredores naturais para a fauna.

A vegetação mais baixa abriga espécies como o tamanduá-bandeira, o tatu-canastra e aves de rapina, adaptadas às variações climáticas. As savanas também desempenham um papel crucial para o equilíbrio ecológico, conectando diferentes habitats e permitindo o deslocamento de animais entre eles.

Uma teia viva

Mais do que conjuntos isolados, os ecossistemas do Amapá formam uma rede interdependente. As águas que nascem nas florestas alimentam os lagos e os campos alagados, que por sua vez deságuam nos manguezais e sustentam a vida marinha.

Essa interconexão também é percebida nas relações entre humanos e natureza. Comunidades indígenas, ribeirinhas, quilombolas e pescadores convivem há gerações com esses ambientes, desenvolvendo saberes que ajudam a manter o equilíbrio do território.

É justamente essa relação que o projeto Onças do Amapá busca compreender e fortalecer. Ao estudar as onças-pintadas e as dinâmicas socioecológicas do estado, o projeto revela como ciência, cultura e natureza se entrelaçam em uma mesma história — a história da coexistência.

Diante das pressões econômicas e climáticas, o desafio é enorme, mas o potencial é ainda maior. Com pesquisa, diálogo e ação conjunta, é possível fortalecer um modelo de desenvolvimento que respeite os ciclos da vida e valorize a riqueza ambiental do estado.

O trabalho está em andamento, e cada descoberta nos aproxima de um futuro mais equilibrado para todos.

Acompanhe o projeto Onças do Amapá e conheça mais sobre a biodiversidade e as ações de conservação no estado.